Rede de proteção orienta mulheres sobre atendimento a vítimas e denúncias de violência
26/11/2025
(Foto: Reprodução) Blitz destaca papel da sociedade no combate a esse crime
Desde o dia 22 de novembro está sendo realizada em todo o Brasil a campanha "21 Dias de Ativismo", um movimento voltado à conscientização e mobilização social para o fim da violência contra as mulheres. Nesta terça (25), um blitz educativa foi realizada em frente à Deam e até 10 de dezembro, órgãos da rede de proteção promovem diversas atividades, incluindo orientações sobre atendimento às mulheres vítimas de violência e a importância de fazer a denúncia.
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As polícia Civil e Militar tem reforçado que não só a vítima, mas pessoas que testemunham casos de violência contra a mulher devem denunciar. Mas, questões culturais ainda atrapalham, como a ideia de que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Essa visão ainda silencia muitos familiares e vizinhos, principalmente porque muitos desconhecem que podem denunciar anonimamente.
A cabo Jecy Kelly Sousa, da Polícia Militar, conta como funciona a proteção ao denunciante. “Ao discar 190, a pessoa pode pedir para não ser identificada. Ela fornece seus dados apenas ao operador, que não repassa nem para a guarnição que atenderá a ocorrência, nem para a vítima.”
A Polícia Militar também atua com a Patrulha Maria da Penha, responsável por acompanhar mulheres com medidas protetivas expedidas pela Justiça. "A patrulha acompanha de perto a mulher que já denunciou e recebeu medidas protetivas, visitando sua residência e avaliando sua realidade social em relatórios periódicos.”, disse a cabo Jecy.
Combate à violência: Deam reforça campanha e orienta mulheres sobre atendimento e denúncia
A delegada Andreza Souza, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), também reforça que denúncias não precisam partir somente da vítima. Ela destaca que o Disque 180 funciona nacionalmente e permite registros anônimos. “Qualquer pessoa pode denunciar pelo 180 de forma anônima, relatando a situação para que a Delegacia da Mulher possa investigar e tomar as providências necessárias.”
No município de Santarém, oeste do Pará, mulheres em situação de vulnerabilidade encontram apoio por meio do Núcleo de Políticas Públicas para Mulheres, que integra a rede de proteção local. A coordenadora Noemi Moraes explica que o núcleo oferece serviços diversos, levando orientações sobre saúde, direitos e bem-estar às áreas de assistência social.
“O núcleo trabalha com políticas de direitos para as mulheres, levando serviços de beleza, orientações de saúde e informações sobre seus direitos aos equipamentos de assistência social.”
Violência contra a mulher tem que ser denunciada
Jainni Victória
Além das atividades, as mulheres recebem encaminhamentos para reconstruir a vida longe da violência. “As equipes ajudam a mulher a entender que está no ciclo de violência e que é possível sair; se desejar denunciar, o Centro Maria faz o encaminhamento e acompanha. Nosso papel é fortalecer esse trabalho e verificar se os direitos das mulheres estão sendo garantidos.”, pontuou Noemi.
Dados alarmantes
Uma pesquisa recente expõe um cenário alarmante: grande parte das mulheres que sofrem violência é agredida diante de outras pessoas, mas quase nenhuma recebe ajuda. O estudo aprofunda os motivos que levam ao silêncio de quem presencia essas situações e evidencia as marcas emocionais deixadas em quem vive ou testemunha episódios assim. Para muitas vítimas, conviver com a violência ainda é parte dolorosa do cotidiano — um processo que deixa feridas físicas e emocionais difíceis de superar.
Dados sobre a violência contra a mulher
Reprodução/TV Tapajós
A psicóloga Fernanda Alaine Santos contextualiza que o sofrimento costuma se acumular mesmo antes do rompimento com o agressor e permanece após a denúncia. Segundo ela, mulheres submetidas à violência podem desenvolver depressão, baixa autoestima, crises de ansiedade, dores recorrentes e quadros somáticos. Em uma fala contínua, ela diz:
“Normalmente essa mulher começa a ficar mais deprimida, começa a criar problemas de autoestima, dificuldade para confiar nas pessoas, crises de ansiedade e sintomas físicos que a levam ao hospital com frequência. Quando ela sai da relação, isso não desaparece de forma mágica; muitas acabam desenvolvendo transtorno de estresse pós-traumático, dificuldades para dormir e permanecem em alerta o tempo todo.”
O levantamento do Instituto DataSenado e Nexus aponta que 3,7 milhões de mulheres sofreram violência doméstica este ano. Em 71% dos casos, havia testemunhas, e em 70%, crianças estavam presentes — geralmente filhos das próprias vítimas. Essas situações marcam profundamente os menores, que também são atingidos pela chamada violência assistida.
Pesquisa mostra agressões contra mulher com testemunhas e falta de apoio às vítimas
A psicóloga reforça como isso afeta o desenvolvimento infantil, ressaltando que a casa, local onde a criança deveria se sentir segura, passa a ser ambiente de medo e instabilidade. Em fala direta, ela afirma:
“Quando a criança presencia esse tipo de violência, também sofre uma agressão, podendo desenvolver problemas comportamentais percebidos muitas vezes pelos professores; algumas ficam mais agressivas.”
Centros de apoio
Outro dado alarmante da pesquisa indica que 40% das vítimas não receberam qualquer tipo de ajuda. Para Fernanda, isso mostra a urgência de discutir não só as agressões, mas também os impactos emocionais tanto em vítimas quanto em testemunhas. Ela explica ainda que muitas pessoas até querem ajudar, mas têm medo de represálias ou não sabem como agir.
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