‘Esta é a COP indígena’, diz Sônia Guajajara durante visita a expedição para ouvir lideranças dos povos
‘Esta é a COP indígena’, diz Sônia Guajajara durante visita a expedição para ouvir líderes
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, visitou neste domingo (16) a expedição “Banzeiro da Esperança”, que levou lideranças de diferentes povos da Amazônia de Manaus a Belém para participar de atividades durante a COP30. A agenda teve como objetivo ouvir os relatos e demandas das comunidades sobre os impactos da crise climática e reforçar o papel dos povos indígenas nas negociações da conferência.
Guajajara destacou que a COP30, realizada pela primeira vez na Amazônia, é também um marco de protagonismo indígena. “Esta é a COP mais indígena da história”, afirmou durante o encontro, apontando que a presença de 5 mil indígenas em Belém — entre aldeias, espaços oficiais e delegações internacionais — simboliza um avanço na participação dos povos da floresta em espaços de decisão global.
Durante a conversa com as lideranças, a ministra ressaltou a importância da presença diversa de povos, culturas e territórios na construção de soluções climáticas.
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“Nós participamos da construção dessa ideia do Banzeiro vir aqui trazendo indígenas, ribeirinhos, quilombolas e extrativistas. Queríamos garantir essa representatividade da diversidade que temos no Brasil, que temos na Amazônia. Esses planos são muito importantes para mostrar a urgência de apoiar a adaptação dessas pessoas que já vivem os impactos das mudanças climáticas no dia a dia”, afirmou.
Guajajara também reforçou o avanço da presença indígena na Zona Azul — área de negociações oficiais da ONU — e o peso político disso nesta edição.
“São 5 mil indígenas em Belém, 3.500 na Aldeia COP. Temos 400 indígenas do Brasil credenciados na Zona Azul e mais 500 indígenas do mundo. Então somos 900 indígenas na área oficial. Por isso esta é a COP mais indígena, não só em quantidade, mas no espaço oficial.”
A ministra lembrou que o discurso do presidente Lula e a fala do secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, colocaram os povos indígenas no centro do debate climático.
“É uma semana decisiva. Estamos acompanhando de perto para que nossas pautas entrem nos textos finais. Queremos que os países reconheçam que só vamos enfrentar a crise climática se apoiarmos e protegermos quem protege o meio ambiente”, disse.
Irmãs viralizadas como 'Ribeirinhas da Amazônia' levam voz e demandas da floresta à COP30
Ministra Sônia Guajajara durante visita a embarcação 'Banzeiro da Esperança', durante COP 30.
Patrick Marques/g1 AM
Juventude indígena e fortalecimento da luta
O jovem indígena Amadeu Sateré-Mawé, que participou da expedição e teve fala durante o encontro, afirmou que o momento com a ministra reforçou o sentimento de pertencimento e protagonismo da juventude indígena nos debates climáticos.
“Ter a ministra aqui, ouvir a experiência dela e poder levar nossos pedidos foi muito importante. Isso incentiva nós, enquanto juventude, parentes e territórios, porque estamos lutando por um bem maior”, disse.
Ele destacou que a presença de uma liderança indígena em posição de decisão fortalece as novas gerações.
“A fala dela foi essencial para que a gente construa um novo mundo. As mudanças climáticas também mudaram nosso pensamento sobre como viver e agir. O futuro que queremos precisa ser sustentável e visível para nós”, afirmou.
Sobre seu momento de fala à ministra, Amadeu descreveu que se sentiu acolhido ao poder ser voz e ser ouvido pela ministra, que representa os povos.
“Foi um momento de acolhimento. A gente se entende, fala das consequências que vivemos e desabafa um pouco. Esse diálogo só fortalece a luta que ela está levando lá dentro e mostra nossa persistência e potência enquanto juventude.”
‘Banzeiro da Esperança’ e COP30
A expedição “Banzeiro da Esperança” percorreu a Amazônia com lideranças indígenas, ribeirinhos e quilombolas, reunindo relatos, debates e propostas sobre adaptação climática, direitos territoriais e proteção ambiental.
Os apontamentos apresentados foram levados para a COP30 em uma carta que foi entregue ao presidente da conferência, na última semana.
Banzeiro da Esperança: bastidores do barcoFONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/11/16/esta-e-a-cop-indigena-diz-sonia-guajajara-durante-visita-a-expedicao-para-ouvir-liderancas-dos-povos.ghtml
